Música 30: A Vida do Viajante - Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil
É com grande felicidade que fecho a sessão Especial 30 Dias com essa música, traduzindo o sentimento do viajante e da absorção das culturas do nosso país. De certa forma, entendam essa música como sendo a vontade de reunir todas em uma só, capaz de expressar a saudade de tudo que vivemos até aqui, das recordações que passamos ao ouvir cada uma dessas músicas, das lembranças de momentos que vivemos ao som de todas elas. Que tenham sido momentos felizes ou simplesmente marcantes. Que um dia a gente também possa descansar feliz e relembrar tudo que passamos, e que nesse momento brote um sorriso de satisfação por ter vivido plenamente e que se cair uma lágrima, que esta seja a saudade que não segurou no peito e escorreu pelos olhos.
Obrigado por ter nos acompanhado até aqui! Até a próxima!
A Vida do Viajante
Composição: Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil
Minha vida é andar Por esse país Pra ver se um dia Descanso feliz Guardando as recordações Das terras por onde passei Andando pelos sertões E dos amigos que lá deixei.
Chuva e sol Poeira e carvão Longe de casa Sigo o roteiro Mais uma estação E a saudade no coração
Minha vida é andar...
Mar e terra Inverno e verão Mostra o sorriso Mostra a alegria Mas eu mesmo não E a alegria no coração
Música 29: Asa Branca - Luiz Gonzaga e Humberto Texeira
Volta da Asa Branca - Luiz Gonzaga
Súplica Cearense - Gordurinha e Nelinho
Trouxe no finalzinho do nosso Especial 30 dias, três músicas que foram interpretadas por Luiz Gonzaga que mostrava a saga nordestina de seca, da volta da chuva e por vezes, das inundações. Pra mim, três clássicos da Música Brasileira e mereciam destaque especial. Espero que vocês tenham a mesma percepção narrativa e continuada que tive ao ouvir essas músicas, que mesmo separadas compõe o enredo da vida nordestina.
Asa Branca
Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
Quando "oiei" a terra ardendo Qual a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia Nem um pé de "prantação" Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão "Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio" Se "espaiar" na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração
A volta da asa branca
Composição: Luíz Gonzaga
Já faz três noites Que pro norte relampeia A asa branca Ouvindo o ronco do trovão Já bateu asas E voltou pro meu sertão Ai, ai eu vou me embora Vou cuidar da prantação
A seca fez eu desertar da minha terra Mas felizmente Deus agora se alembrou De mandar chuva Pr'esse sertão sofredor Sertão das muié séria Dos homes trabaiador
Rios correndo As cachoeira tão zoando Terra moiada Mato verde, que riqueza E a asa branca Tarde canta, que beleza Ai, ai, o povo alegre Mais alegre a natureza
Sentindo a chuva Eu me arrescordo de Rosinha A linda flor Do meu sertão pernambucano E se a safra Não atrapaiá meus pranos Que que há, o seu vigário Vou casar no fim do ano.
Súplica Cearense
Composição: Gordurinha e Nelinho
Oh! Deus, perdoe este pobre coitado Que de joelhos rezou um bocado Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o senhor se zangou E só por isso o sol arretirou Fazendo cair toda a chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho Pedir pra chover, mas chover de mansinho Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe, Eu acho que a culpa foi Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água E ter-lhe pedido cheinho de mágoa Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
“A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração“
(Henrique Maximiliano Coelho Neto)
A casa da saudade chama-se memória… Algumas vezes escolho ir até lá, mas em outras sou tragada, assustada, sem nem ao menos perceber, para dentro dela. Em algumas dessas visitas inusitadas estou num cômodo que rouba um sorriso dos meus lábios. Foi em fração de segundos que me descobri ali, experimentando uma sensação gostosa que rompe em riso e, no auge da alegria, faz brotar uma lágrima, motivando-me a celebrar a vida, escrevendo a alguém “só” pela gratidão de tê-lo em minha história. Outras vezes, o lugar que visito não é tão agradável… Ou o é, não sei… É estranho quando isso acontece, o coração aperta, revela a incerteza de como cheguei até lá, e não sei muito bem o que vou encontrar. Esse cômodo, por mais que tenha tanta vida e me brinde com doces bolhas de boas memórias, traz a certeza do nunca mais. É ai que as lágrimas se multiplicam e molham os lábios, que teimam em sorrir, ao olhar o bom que houve. Não é possível escrever com gratidão, restando uma oração silenciosa, que parece me transportar dali e me fazer descansar em paz. Celebrar a vida, dessa vez, é perseguir o exemplo e fazer nascer sementes… Flores e frutos que não morrerão, já que a vida fala mais alto que a morte. Nesse entra e sai da memória, em que você não escolhe fato, momento, pessoa ou lugar, descobre-se, enfim, que a vida, a cada instante, deve ser celebrada. Aumentam-se, assim, os cômodos, eternizando aquilo que é precioso e mantendo aquecido e afinado o canto do coração.
A Casa da Saudade
Composição: Coroné Caruá
A casa que vovô morou, O meu pai herdou E passou pra mim Mas para arrumar amor novo Numa casa velha Ai é tão ruim Pensei em me casar com ela Mas a casa velha Ela não quis não Era o que eu mais queria Por isso doía O meu coração Troquei a casa velha Numa casa nova Pra casar com ela Aí eu fiz um bom negócio Pois ganhei de volta O coração dela
Música 27: De volta pro aconchego - Dominguinhos e Nando Cordel
De volta pro aconchego
Composição: Dominguinhos/Nando Cordel
Estou de volta pro meu aconchego Trazendo na mala bastante saudade Querendo um sorriso sincero Um abraço para aliviar meu cansaço E toda essa minha vontade
Que bom poder estar contigo de novo Roçando teu corpo e beijando você Pra mim tu és a estrela mais linda Teus olhos me prendem, fascinam A paz que eu gosto de ter.
É duro ficar sem você vez em quando, Parece que falta um pedaço de mim. Me alegro na hora de regressar, Parece que vou mergulhar na felicidade sem fim.
Música 26: Homem Passarinho - Leonardo Leite Pereira
Homem Passarinho
Composição: Leonardo Leite Pereira
Lá em casa Tem um passarinho Preso na gaiola Quando ele canta Eu pego na viola Sou eu e ele sem poder voar Se eu abro a porta canarinho Você vai embora Motivo forte, muita gente chora E eu choro pelo amor Que se foi pelo ar Não te solto, passarinho Nunca cometo a besteira Lá fora tem menino E atiradeira Alçapão e armadeira Pra te pegar Prefiro bem te ver mais preso Dentro da gaiola Do que marca de chumbo Bem na tua gola E é menos um bichinho Pra poder cantar Nós somos dois Iguais nessa vida Homem e passarinho Sentindo a falta de amor e ninho Você preso e eu sem assas Pra poder voar.
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu) Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu) Tendo um coração vazio Vivo assim a dar psiu Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu) Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu) Tendo um coração vazio Vivo assim a dar psiu Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
Tu que anda pelo mundo (Sabiá) Tu que tanto já voou (Sabiá) Tu que fala aos passarinhos (Sabiá) Alivia minha dor (Sabiá)
Tem pena d'eu (Sabiá) Diz por favor (Sabiá) Tu que tanto anda no mundo (Sabiá) Onde anda o meu amor Sábia...
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu) Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu) Tendo um coração vazio Vivo assim a dar psiu Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu) Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu) Tendo um coração vazio Vivo assim a dar psiu Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
Tu que anda pelo mundo (Sabiá) Tu que tanto já voou (Sabiá) Tu que fala aos passarinhos (Sabiá) Alivia minha dor (Sabiá)
Tem pena d'eu (Sabiá) Diz por favor (Sabiá) Tu que tanto anda no mundo (Sabiá) Onde anda o meu amor Sábia...
(Psiu, Psiu, Psiu) (Psiu, Psiu, Psiu)
(Psiu, Psiu, Psiu)
(Sabiá) (Sabiá) (Sabiá)
Sabiá...
Tem pena d'eu (Sabiá) Diz por favor (Sabiá) Tu que tanto anda no mundo (Sabiá) Onde anda o meu amor Sábia...