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terça-feira, 29 de março de 2011

Saudades do Banheiro - Mário Prata

Gente!!!! Tô adorando a aula de Sociologia Urbana!!! Confiram um texto indicado pelo professor, o debate vai ser hj!


Saudades Do Banheiro

Mário Prata

Quero comprar um apartamento de três quartos, sem suíte. Repito: sem suíte. Impossível. Ontem mesmo começaram a construir um de quatro quartos aqui bem na frente do meu. Quatro suítes. Será que não se fabricam mais apartamentos e casas como antigamente? Com um só banheiro, comunitário, grande, todo branco, de chão vermelho, com janelas para as mangueiras, com banheira grande, branca, como devem ser as banheiras?

O que será que está mudando nesta nossa moderna sociedade de consumo? O brasileiro, de uns tempos para cá, vem defecando mais? Não digo as defecadas federais, nem as estaduais, nem as municipais. Estou me referindo à nossa defecadinha honesta de todo o dia, pessoal, íntima.

Ou será que foram os arquitetos que perderam o senso do ridículo?

O mais interessante é que, antigamente, as famílias eram bem maiores, tinha-se mais filhos. E banheiro, um só. Ladrilho vermelho encerado ou com vermelhão. Ali se faziam as necessidades e se tomava banho. Tinham horas do dia em que se faziam filas para entrar no banheiro. Hoje, fila de banheiro só em festinha, para se dar uma cafungadinha.

Os banheiros tinham janelas. Não era necessário nenhum perfume artificial para se combater o cheiro de cada um. O banheiro tinha um cheiro característico dele, uma mistura de pasta de dente com sabonete Gessy. Hoje, como os banheiros são mínimos, sente-se o cheiro de tudo. Principalmente das nossas necessidades fisiológicas. Os banheiros são pequenos cubículos, caixas de cheiro duvidoso. Dentro da latrina já se coloca um baratinho, depois joga-se não sei o que lá dentro. E, dependendo do almoço ingerido, ainda se tem que dar umas borrifadas deste ou daquele produto.

Antigamente um rolo de papel higiênico dava para uma família por semanas. Hoje, gasta-se muito mais. Não sei por que andamos nos sujando tanto. Vocês já notaram, nos carrinhos de supermercados, a quantidade de papel higiênico que as donas-de-casa compram? E tem mais: já tem papel higiênico que já vem perfumado. Pessimamente perfumado, mas perfumado. Claro, nesta caixa que se tornou o banheiro, por onde vai sair o cheiro?

E quando a namorada é nova, você dorme com ela, acorda no dia seguinte e vai fazer o seu serviço e aquele cheiro fica a invadir o seu quarto e ela que também está a fim de ir lá, disfarça na cama, fica fazendo hora, porque sabe que a barra está pesada lá dentro? Sei de casos que terminaram na primeira manhã de amor.

E fazer amor debaixo do chuveiro nesses apartamentos cheios de suíte? Já tentaram? Impossível. Os box são feitos só para um e olhe lá. Para se abaixar para pegar um sabonete no chão, teme-se ferir o bumbum na maçaneta. Se você senta-se na privada, não pode abaixar a cabeça, porque senão bate na pia. E, no bidê, tem-se que fazer ginástica para lavar qualquer parte chamada pudenda. Hoje, os bidês parecem mais com bibelôs de porcelana. E aquelas suítes que não tem esguicho no bidê e então você tem que puxar o chuveirinho do chuveiro, atravessado ali naqueles dois metros quadrados? Corre-se o risco de tropeçar nele e bater a cabeça na torneira da pia.

Saudades da fila do banheiro Ou quando a mãe mandava tomar banho, era aquela gritaria: "Primeiro! Sou o último! Vai, menina, não agüento mais! Mãe, o fulano está demorando muito!" Ou, como aconteceu com uma amiga minha que, na pré-adolescência, foi reclamar com a mãe que tinha visto vários espermatozóides do irmão andando pelos ladrilhos do banheiro. Enfim, as suítes que estão nos vendendo são mais um motivo para a desagregação da família. Estão isolando pais de filhos, irmãos de irmãs. Antigamente, a família que defecava unida era muito mais unida.

Ultimamente, no Brasil, parece que só os anões do orçamento continuam a defecar juntos. Mas, na prisão, tenho certeza que cada um vai ter uma cela individual. Uma suíte para cada um. Para que nunca mais fiquemos sabendo de suas defecadas coletivas. E que eles agüentem sozinhos o cheiro da podridão que fizeram com o nosso dinheiro.

15/12/93

sábado, 26 de março de 2011

A Arquitetura e Projeto Arquitetônico: conceito e finalidades

Arquitetura é a técnica de criação de espaços que reúnam arte e cidade de forma funcional e harmoniosa. No processo de criação deste espaço, a arquitetura se propõe a organizá-lo, defini-lo e ordená-lo para determinada função. Ao envolver criação, a arquitetura revela-se arte, pois com esta consegue-se expressar um pensamento, uma idéia, um sentimento e uma concepção em algo concreto, que pode ser vivido. Ao revelar-se envolvida com a cidade, a arquitetura se propõe a ser inserida em um meio e que por isso exige agenciamento, organização, estética, valores, entre outros.

Para Lucio Costa: “Pode-se então definir arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa”.

Nessa definição, ressalta-se a importância da arquitetura ser vinculada às necessidades de seus usuários – conseguindo expressar seus aspectos culturais, artísticos e expressivos – e às necessidades da cidade – através da preservação da vivencia do espaço urbano.

A finalidade da arquitetura é proporcionar melhores condições de vida para os usuários do ambiente projetado, através da criação de espaços funcionais, ergonômicos e termicamente agradáveis. Além disso, é importante que o objetivo final do processo arquitetônico seja a criação de espaços que permitam a vivencia entre as pessoas, que as integre ao meio e que as façam entender que são parte integrante da cidade e da sociedade.

O Projeto Arquitetônico é a materialização da idéia, do espaço imaginado, é a representação da concepção projetual. Através do projeto arquitetônico se estuda a melhor maneira de atender as necessidades dos usuários e tende-se a resolver todos os problemas envolvidos nesse processo. A finalidade do projeto arquitetônico é antever possíveis dificuldades de execução do projeto proposto e garantir que a obra saia como planejada.