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terça-feira, 31 de maio de 2011

Música - Especial Mês de Junho

Amanhã inicia-se o mês de Junho!

Para comemorar o mês junino, valorizar a minha cultura, a cultura nordestina, e principalmente homenagear o verdadeiro forró, o forró pé-de-serra, é que resolvi abrir essa Sessão no Blog: Música - Especial Mês de Junho.

Será um espaço reservado pra postagem de músicas pé-de-serra, com sua história, seu significado ou como uma forma de homenagear seu compositor. É um espaço pra salvar o Rei do Baião, Luiz Gonzaga e pra ressaltar nomes que mantêm a boa música e a nossa tradição como Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim, Alcimar Monteiro, Flávio José, Elba Ramalho, Santanna, Dominguinhos, Zé Ramalho e tantos outros.

São músicas que falam do sertão, do amor, de saudade de um jeito especial...


Espero que gostem! Até lá!

domingo, 29 de maio de 2011

Brincando com a Lua
















Fotógrafo profissional e jornalista científico, Laurent Laveder criou a série Moon Games, composta por diversas imagens que mostram pessoas interagindo com a Lua.

Capturando as cenas por um ângulo específico, o artista faz parecer que o satélite está realmente ao alcance das mãos dos homens e mulheres que, posando para as lentes do artista, brincam de jogá-lo para cima, ou pousá-lo na xícara de café.

Especializado em fotos do céu, Laveder faz parte do coletivo The World At Night, que reúne 30 dos melhores astrofotógrafos do planeta.

Mais trabalhos de Laurent Laveder em:



sábado, 28 de maio de 2011

Tia coruja é assim, como eu...



The Scientist - Coldplay




Emocionante, intenso, lindo!

Circuito Fechado

Circuito Fechado


Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Ricardo Ramos


Você considera que em "Circuito fechado" há apenas uma série de palavras soltas? Ou se trata de um texto? Por quê?

Na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais atenta, que há uma articulação entre elas.

Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" há, quase que exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como "homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).

Verifique que pela escolha dos substantivos e pela sequência em que são usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto.
Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum. Quais palavras e que sequência nos indicam isso?
Note que no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã.

“Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos.”

Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir.

“Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforos. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.”

Descobrimos que a personagem é um homem também pela escolha dos substantivos. Parece que sua profissão pode estar relacionada à publicidade.

“Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa, abotoadura, calça, meia, sapatos, gravata, paletó [...] Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída [...] Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel.”

Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e trabalho, trabalho e rotina.

Depreendemos que o homem é um grande fumante, basicamente, pelo número de vezes em que o narrador fala desse hábito, em vários momentos do dia da personagem: 14 vezes. Além disso, é interessante notar como há sempre a referência à dupla "cigarro e fósforo".

A palavra que explicita o início da ação do homem, ou da atuação da personagem, num dia de sua rotina é "chinelos", usada no início do texto para mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir.

Há também uma marcação de mudança de espaço, por meio dos termos "carro", usado como que mostrando o horário de sair de manhã e a volta para casa, à noite. No meio do texto há também o uso de um "táxi", provavelmente uma saída do trabalho: um almoço? Um jantar? Uma visita a um cliente?

Enfim, "Circuito fechado" é uma crônica - um texto narrativo curto, cujo tema é o cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente substantivos, o autor produziu um texto que termina onde começou. Essa estrutura circular tem relação com o título ("Circuito fechado") e com os dias atuais? Sem dúvida nenhuma, podemos compreender suas relações, não é mesmo? O cotidiano repete-se, fecha-se em si mesmo a cada dia. Rotinas...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Há doenças piores que as doenças

Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.

Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.

Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.


Fernando Pessoa

Memórias do século XXI - por Max Gehringer

Hoje é 20 de agosto de 2124, quarta-feira, que no Brasil agora chama Wednesday, já que o português foi oficialmente banido quando nos tornamos 67o Estado dos United States of Wide America, em 2095. Teve quem não gostou, claro, principalmente depois que a Floresta Amazônica virou a Tropica Disney World, mas a maioria apoiou porque finalmente pôde tirar passaporte americano sem aporrinhação e passou a receber salário em dólar.
É verdade que muitos brasileiros ainda conservam um ranço xenófobo, o que é meu caso, por isso este relatório está sendo escrito em nossa antiga língua-mãe, que eu só domino porque nasci lá no distante 1980. Fiz 144 anos, trabalho há 126, estou forte e saudável, mas já ouço insinuações de que minha carreira entrou no plano vegetativo. A vida corporativa do século XXII não é justa com o pessoal da sexta idade como eu, basta a gente chegar aos 140 e começa a ser discriminado no trabalho...

Os velhos tempos me dão saudade (uma de nossas poucas palavras que entraram no Mega Dicionário Americano, como sinônimo para "senseless feeling"), apesar de quase mais nada ser como era. Por exemplo, eu nasci com unha, cabelo e dente, últimos resquícios de nossa ascendência selvagem.
E na juventude pratiquei zelosamente um ato denominado "sexual" para a reprodução da espécie, coisa que, hoje, a ciência simplificou muito: basta ir a qualquer McDonald's, comprar um kit de óvulo e espermatozóide (o número 3 tem sido o preferido pelos consumidores, porque acompanha uma Coca-Cola grátis) e inseri-lo num tubo plugado a um sistema embrionário - cujo nome técnico é "tamagoshi". Aí, é só redigitar a configuração desejada do genoma e depois ir clicando os comandos para as cargas vitais de proteínas.
Simples. Em seis semanas, aparece a ficha fitoergométrica da criança, os custos de alimentação e educação e a mensagem "Are you sure you want to give birth?" Meu filho mais novo, o 365A27W648, vulgo "8", agora deu de ser curioso e me perguntar por que no meu tempo as coisas eram tão complicadas.
Eu tentei explicar para ele que o tal ato ia além da simples reprodução, que a gente sentia prazer em copular, e ele fez aquela cara de nojo, típica de adolescente recém-saído da universidade. Mas, tudo bem, ele tem só 4 anos, um dia talvez entenda melhor.
Eu sei, estou divagando, desculpem. Não é das reviravoltas da natureza que este relatório trata, e sim das relações no trabalho. Meu hiperboss vai fazer uma apresentação no mês que vem, em Urano - com o criativo título de "Como Enfrentar os Desafios do Século XXII" -, e pediu minha colaboração.
Ele quer mostrar às novas gerações a evolução da interação entre empresas e funcionários ao longo dos últimos 150 anos, desde a chamada "Era Jurássica Trabalhista" (1980-2020) até o aparecimento do "Homo Pizza", no final do século XXI. E me escolheu porque eu vivi todas as etapas do processo, além de ser o único por aqui que ainda sabe usar algarismos romanos.
Então, vamos lá:

TRANSPORTE

Os empregados acordavam de manhã e iam para seu local de trabalho dirigindo um veículo pesadão e lerdo, que funcionava queimando derivados do extinto petróleo, chamado "automóvel" - não sei bem por que esse nome, que significa "move-se por si mesmo", já que o tal veículo só se movia sob comando humano e, algumas vezes, nem assim. Mas a maior dificuldade era enfrentar o
"trânsito", do latim transire, "ir para a frente", e esse era exatamente o problema, já que o trânsito quase nunca ia em frente, e daí originou-se uma frase de uso muito comum, "Atrasei por causa do trânsito", que literalmente significa "Fiquei para trás porque fui para a frente". Ou seja, aquele povo era duro de entender. O mais incrível é que, apesar de tanta confusão e
contrariando a lógica, as pessoas ainda conseguiam chegar ao que chamavam "local de trabalho".

LOCAL

O sistema jurássico de trabalho era coletivo, e as empresas até usavam jargões como "teamwork" para incentivar essas aglomerações, sem atentar para o fato de que elas eram uma fonte de proliferação de micróbios. O ponto de encontro era o escritório, um lugar onde os funcionários escreviam, daí a origem da palavra. Eram áreas enormes, onde pessoas se amontoavam em
cubículos e passavam a maior parte do tempo produzindo "documentos", cuja principal finalidade era a de servir como evidencia física de que as pessoas estavam ocupadas. Após produzidos, os documentos eram imediatamente "arquivados", de preferência em lugares onde nunca mais pudessem ser localizados. Isso na época tinha o mesmo nome de hoje, "burocracia". A
diferença é que os atrasados do século XX faziam tudo com oito cópias, e nós, 150 anos depois, conseguimos reduzir para sete.

INDIVIDUALIDADE

O primeiro passo para erradicar o coletivismo inútil foi o "SoHo" (Small office, Home office), uma sigla surgida aí por 2000, que permitia aos funcionários trabalhar, confortável e produtivamente, em suas próprias casas. No Brasil, uma das conseqüências imediatas do SoHo foi o aparecimento de uma variante esperta, o "SoNo". O que obviamente implicou num aumento
brutal da quantidade de documentos produzidos, porque só assim os chefes acreditariam que seus funcionários estavam acordados em suas casas. Depois do SoHo veio o "SoCo", aí por 2050. O "Co", todo mundo sabe, significa Chip office. Foi quando as corporações conseguiram implantar um microchip em cada funcionário para controlá-lo 24 horas por dia, desde o batimento cardíaco
até o nível de atividade dos neurônios. Uma das características do SoCo que mais agradou as chefias - além do comando de "wake up call" - foi a possibilidade de emitir um choque elétrico remoto quando o funcionário atrasasse a remessa de um documento.

JORNADA

Trabalha-se oficialmente 2 horas por semana, mas já há rumores de que a jornada será reduzido para 100 minutos semanais, o que, tirando o tempo necessário para o sono e as inconveniências fisiológicas - que não sofreram alterações nos últimos 100 000 anos -, dá umas 120 horas ociosas por semana.
O professor Domenico De Masi, que vive em estado de hibernação metafísica na Itália, afirma que isso é um absurdo, e defende a tese de que no futuro trabalharemos 100 minutos por ano. Mas o problema, mesmo, é que nunca conseguimos nos acostumar com o ócio. Por isso, nossa maior fonte de renda atual é a hora extra - fazemos, em média, 14 delas por dia, inclusive aos
sábados.

EFEITOS COLATERAIS

Hoje, as megacorporações vêm se questionando se essa troca do trabalho grupal pelo individual foi realmente um progresso. Primeiro, porque ninguém mais conhece ninguém, já que os "colegas" viraram imagens digitalizadas. Segundo, porque todo mundo ficou sedentário e engordou uma barbaridade. E terceiro porque os antigos executivos eram estressados, e os novos sucumbem
à depressão, o que acarreta muitos suicídios (ou, em linguagem ciberneticamente correta, self.ctrl+alt+del). O maior guru de administração do século XXII - Tom Peters, vivendo confortavelmente em estado gasoso, num tubo de ensaio - publicou recentemente um artigo que está causando uma comoção corporativa. Ele defende a tese de que "nada substitui o contato
humano". Incrível, dizem seus fiéis admiradores, que ninguém tivesse pensado nisso ainda.

EMPREGO

Conseguir um bom emprego hoje em dia não é difícil. O duro é se manter nele, porque as exigências para resultados de curtíssimo prazo aumentam cada vez mais. O tempo médio de permanência num emprego é de 28 horas. Daí o conceito em moda ser o da habilidade para saltar de galho em galho, ou "businessbilidade", que se resume a três fatores: experiência cósmica,
formação galáctica e ser bem relacionado com quem manda.

SEXO

As diferenças entre sexos não são mais limitantes para o preenchimento de um cargo. Não porque tenha acabado a discriminação, mas porque acabaram os sexos. A antiga classificação "masculino/feminino/outros" caiu em desuso a partir do momento em que os assim chamados "homens" e "mulheres" equilibraram seus níveis de testosterona e estrógeno. A ambivalência
chegou a tal ponto que hoje os dicionários só registram a palavra "testículo" como sinônimo de "pequeno teste aplicado a estagiários".

HIERARQUIA

Nos tempos primitivos, as posições hierárquicas eram decididas ou por competência ou por protecionismo. Mas levava vantagem quem acumulava mais diplomas. Tudo mudou a partir do momento em que foi implantado o sistema de "Transferência Integral de Informações", pelo qual qualquer ser humano, quando completa 2 anos de idade, é acoplado a um megacomputador Deep Blue e absorve, em 15 minutos, o conhecimento acumulado pela espécie nos últimos dez milênios. Tem aí uma novíssima teoria dizendo que isso nos transformou numa raça de esponjas, e que o grande diferencial atual é saber pensar por conta própria, em vez de enfiar o dedo no nariz e dar um "retrieve".
Segundo a teoria, há uma minoria de pensantes que consegue se perpetuar nas chefias porque tem "Inteligência Psicoemocional", ou seja, uma combinação balanceada de "instinto", "conhecimento" e "autocontrole". Eu acho que já ouvi isso antes, só que não me lembro bem quando foi.

RELACIONAMENTO

Os funcionários tem abertura para se comunicar fora do trabalho, desde que respeitem o conceito-chave do século XXII Lógica Absoluta, ou seja, os assuntos devem ficar restritos aos negócios. Sentimentos e emoções, manifestações consideradas contraproducentes, estão proibidas desde 2104.
Mas sempre tem quem não sabe aproveitar a liberdade nosso maior problema social são os subversivos que se reúnem escondidos para praticar o maior delito da atualidade: rir e contar piadas. Não é por acaso que o maior best-seller desta semana é o cibertexto de auto-ajuda "Você Pode Ser Feliz, Desde Que Ninguém Saiba".

INFERNET

A arcaica Internet, uma rede de comunicação que causou furor no fim do século XX, e que hoje é citada como exemplo de paranóia coletiva, foi substituída pela Infernet, a qual todos somos plugados logo ao nascermos.
A palavra veio do latim infernus, "subterrâneo", uma analogia a seu formato de raízes que alimentam o caule central. O caule, de onde saem e para onde convergem todas as informações, é a Suprema Inquisição, cuja regra é "Todos somos iguais perante Deus", sendo que Deus, como todos sabem, é Bill Gates. Embora corra por aí o boato de que quem manda, mesmo, é o ACM...

CONCLUSÃO

Em meus 144 anos, vi o futuro ir acontecendo, e aprendi pelo menos uma coisa: as previsões estavam sempre erradas. Acho que descobri o porquê.


Outro dia achei um livro antigo, que já caiu em desuso por ser a negação da lógica. De qualquer forma, lá foi escrito, há milhares de anos, que cada dia é diferente do outro, exatamente "para que o homem nunca possa descobrir nada sobre seu próprio futuro" (Eclesiastes, 7, 14).

Apenas a Língua Portuguesa nos permite escrever isso...


Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português,
pintava portas, paredes, portais.
Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos.
Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder
progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora.
Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia
praticar pinturas para pessoas pobres.
Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para
pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para

poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado,
preferiu partir para Portugal para pedir permissão para
papai para permanecer praticando pinturas, preferindo,
portanto, Paris. Partindo pra Paris, passou pelos
Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos,
porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos,
preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras
pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque
pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada,
provocando, provavelmente, pequenas perfurações, pois,
pelo passo percorriam, permanentemente, possantes
potrancas.
Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos,

procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza,
precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos,
perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder
prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam
pelo pensamento, provocando profundos pesares,
principalmente por pretender partir prontamente para
Portugal.
-Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir
para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios,
pintando principais portos portugueses.
-Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.
-Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois
pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais,
porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo
provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir
permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando
pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso
percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo
portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo
pescoço proferiu:
-Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior.
Primo Pinduca pintou
perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?
-Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste,
porém, preferindo, poderei procurar profissão própria
para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer
por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou
pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu
prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para
praticar profissão perfeita: pedreiro!
Passando pela ponte precisaram pescar para poderem
prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes
pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus,
piaparas, pirarucus.
Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar
pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando
por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles,
primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas
palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena
parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles
pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar
pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia
pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles,
pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...

"Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois
pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar.

Pensei. Portanto, pronto pararei.


Fonte: http://textos_legais.sites.uol.com.br/apenas_a_lingua_portuguesa.htm

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Serpente de Aço


O EDIFÍCIO DE 160 M DE COMPRIMENTO REPOUSA EM UM CAMPO AO NORTE DO JAPÃO. CRIAÇÃO DOS JOVENS ARQUITETOS YUI E TAKAHARU TEZUKA, A OBRA RECEBEU UMA COMENDA DO INSTITUTO DE ARQUITETOS JAPONÊS EM 2005

POR GIOVANNY GEROLLA FOTOS KATSUHISA KIDA

Localizada nas montanhas de Matsunoyama, região do distrito de Niigata, Japão, muito conhecida por suas fortes nevascas, Kyororo é palco de atividades educacionais e de pesquisa no campo das ciências naturais. Toda a região é também famosa por sua linda floresta de faias japonesas, que conseguem crescer com muita força apesar de sofrerem com a neve excessiva.

Em meio à paisagem, há uma serpente metálica que, nos meses de janeiro, fevereiro e março, permanece oculta sob uma manta branca de neve. É o edifício do Museu de Ciências Naturais de Matsunoyama, cujos 1,5 mil m2 assumem uma forma curvilínea, uniforme e contínua.

O conceito desenvolvido pelo escritório Tezuka Architects oferece ao visitante do museu a oportunidade de experimentar pelo contato com a edificação todos os fenômenos naturais característicos da região. É como se o próprio espaço físico do museu fizesse parte da natureza local, sendo ele mesmo ambiente para pesquisa e exposição dessa realidade exterior.

Assim, a construção foi planejada tanto para receber uma base permanente de pesquisas como para conter espaços para exposições e abertos ao público. A maior ênfase dada ao projeto arquitetônico foi incorporar os aspectos climáticos e ambientais da região ao conceito.

Para tanto, o prédio foi desenhado como um tubo duplo. Seu corpo monocromático é feito de placas de aço corten de seis milímetros de espessura, soldadas e capazes de suportar a pressão de uma tonelada e meia por metro quadrado - como um submarino sob as águas do oceano. O comprimento total do edifício é de 160 m.

A aparência da capa, resistente às intempéries, muda com o passar do tempo. Seis meses após a soldagem das placas, feita in loco, o corpo do prédio já apresentava uma cor marrom intensa e característica da ação do tempo sobre o metal. "Visto pelo outro lado do vale, o edifício parece mais uma ruína Inca, com sua enorme torre dominando o topo das árvores", descreve Takaharu Tezuka.

A estrutura do prédio é metálica e está preparada para suportar contrações e dilatações de até 20 cm em função da variação das temperaturas entre verão e inverno. As grandes placas metálicas que constituem a fachada também têm função estrutural, mas não foram suficientes para atender aos requisitos de cálculo estrutural: no inverno, as montanhas de neve podem ultrapassar sete metros de altura, o que exigiu uma estrutura superdimensionada para suportar cargas de até duas mil toneladas.

Como resultado, vigas e colunas metálicas carregam o peso do edifício e estão preparadas para suportar toda a neve que vai soterrá-lo nos meses mais frios de inverno. "Tivemos também de considerar o fator terremoto", lembra Tezuka. Assim, as paredes metálicas contribuem para a estabilidade do prédio, atuando como um reforço estrutural.

Em seção cruzada pendente (inclinada), a estrutura foi inspirada nos sheds de proteção encontrados nas estradas dos arredores. Já o plano horizontal segue o contorno das trilhas que circundam toda a área e abrem caminho aos carros e pedestres.

No inverno, os visitantes são conduzidos por altas paredes de neve e entram por um peculiar túnel que os protege contra a temperatura congelante de Kyororo. A amplitude do eixo interno e principal do edifício reflete o movimento de pessoas, promovendo grandes espaços em ângulos de onde os visitantes param para observar a natureza. À medida que se adentra o museu, esses ângulos tornam-se cada vez mais estreitos.

Outro ponto central na concepção arquitetônica são as quatro janelas panorâmicas, transparências que se estendem do piso ao forro, dispostas em posições angulares e estratégicas do edifício. A maior delas tem 14,5 m x 4 m e pesa quase quatro toneladas. O peso das quatro soma dez toneladas, e delas os visitantes podem admirar, como que em corte subterrâneo, a vida sob a neve.

Para suportar a pressão da neve e dar ao edifício uma isolação apropriada, todas as janelas são de acrílico, com espessuras que variaram entre 55 mm e 75 mm. Esse forte material tem 98% de transparência, o que aumentou a integração entre ambientes internos e externos.

"O acrílico foi o único material que encontramos para resistir à pressão de 1,5 tonelada por metro quadrado sobre as janelas", revela o arquiteto.

Ainda para ajustar a trabalhabilidade da fachada metálica às suas junções com as janelas acrílicas, optou-se por deixar uma folga de 100 mm entre o metal e o acrílico, permitindo os movimentos de dilatação e contração.

No verão, as grandes transparências que mostravam cortes do mundo sob a neve passam a exibir o maravilhoso cenário das faias japonesas e grandes áreas de cultivo de arroz. Da torre do museu, com 34 m de altura, os visitantes apreciam a magnífica vista sobre os arvoredos das três montanhas de Echigo.



Maquete de Estudo

Vista Lateral

Serpente de Aço no Inverno

Serpente de Aço no Inverno


Serpente de Aço durante o processo de construção - Inverno rigoroso de 2002

Serpente de Aço durante o processo de construção - Inverno rigoroso de 2002

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Edifício do Povo (Peoples Building) - Shanghai, China

Gente, selecionei esse vídeo pra mostrar a importância do Partido Arquitetônico na concepção do projeto. Um grande projeto da Big Arquitetura!! Muitoo bom!

A Metrópole e a Vida Mental

Com o advento da vida moderna, o indivíduo passa a desejar uma autonomia e individualismo que faz de si mesmo um ser isolado. Isso parte da própria sociedade e de suas influências políticas, econômicas e sociais, permitindo ao homem assumir novas posturas, agregar novos valores e se lançar em novas possibilidades. A cidade reflete essa necessidade de autonomia e desejo das pessoas de serem donas de si, de assumirem seus próprios estilos, de se regerem por leis próprias; o mercado é reflexo da necessidade de individualismo do homem, de sua necessidade de ser peculiar, de ter identidade.

Mas é importante destacar que esse aspecto não é uniforme em todas as cidades, pois ainda nota-se a diferença entre as grandes e pequenas cidades no que se refere principalmente às relações pessoais e à vida cotidiana. Ao passo que nas cidades pequenas as pessoas tendem a manter “relacionamentos profundamente sentidos e emocionais”, o homem metropolitano desenvolve suas atividades corriqueiras com o máximo de proteção em relação ao outro, através de atitudes racionais ao invés de afetivas.

Esse medo do desconhecido que afeta as grandes cidades reflete-se inclusive nas atividades de consumo. A metrópole moderna vai ser impulsionada por uma produção e por um mercado que condiciona os compradores e vendedores ao anonimato, pois nunca terão contato visual. É o que acontece nas compras virtuais, por exemplo. É uma tendência que cresce cada vez mais, muitas vezes por questões de rapidez e facilidade nesse processo, e que ambos não precisam temer falhas nas relações pessoais.

Qualquer atitude brusca, rápidas mudanças ou excessiva pressão pode gerar o que o texto de Zimmel chama de atitude blasé. Nesse contexto entra a questão do julgamento pela aparência e pela nítida discriminação. Não existe relação emocional ou íntima nesse caso, as relações são puramente racionais, onde o outro é tratado com indiferença. No curta metragem Ângelo anda sumido, o personagem principal ora é lançado à marginalidade devido às suas atitudes de baderna, ora é tido como confiável, pois apresenta boa aparência física. O dinheiro entra então como o dominador dos valores, “arranca irreparavelmente a essência das coisas, sua individualidade, seu valor específico e sua imcomparabilidade”.

Esse estranhamento entre as pessoas é típico das cidades metropolitanas, pois para Zimmel poderia se chegar a um estado psíquico inimaginável se as relações pessoais nessas cidades fossem tão estreitas quanto o é nas cidades pequenas. O confinamento das pessoas é tão intenso, o homem torna-se tão isolado e envolto por grades e elevada proteção que é típico nessas cidades não se conhecer os próprios vizinhos ou criar desconfiança para com eles a fim de garantir a privacidade e o individualismo tão almejado. Mas essa reserva confere aos indivíduos uma liberdade pessoal, que não é possível ter em outras circunstâncias. Numa cidade pequena tal liberdade fica limitada ao passo que se conhece quase todos que se encontra. Nada que for feito nesse espaço passará despercebido.

Com o aumento populacional e a conseqüente diminuição dos espaços de vivência, ganha-se proximidade física mas perde-se em relação pessoal, o que soa um tanto contraditório. A cidade tornou-se um organismo complexo capaz de agregar, absorver e suportar uma gama de diversidade. Mas tornou-se também o local mais propício para a solidão. “Em nenhum lugar se sente tão solitário e perdido quanto na multidão metropolitana”. Ao passo que se confronta o tamanho dos espaços de vivência e o número de usuários desse mesmo local, ou mesmo quando se confronta a necessidade de aumentar os círculos de relacionamento e a necessidade de liberdade pessoal, percebe-se que a própria sociedade condicionou à metrópole a ser o local da liberdade e do individualismo.


Camila Renata de Figueiroa Queiroz, 30 de abril de 2011, Resumo do Texto "A Metrópole e a Vida Mental", de George Zimmel. Sociologia Urbana

Farol Fastnet - Irlanda

Esse é o farol de Fastnet, na Irlanda.




Para a disciplina de Perspectiva, no 3º Período do Curso foi exigido a modelagem de um farol qualquer. Minha escolha foi o Farol de Fastnet, apesar de poucas informações sobre ele disponível na internet, o que era importante pois eu precisava de medidas, para que o modelo final ficasse na proporção certa. Mesmo sem as medidas reais, o resultado final me agradou. Foi um trabalho fruto de muitas experimentações. O resultado da modelagem está aí pra vcs verem! Espero que gostem.



Não deixem de opinar! Bjs










terça-feira, 10 de maio de 2011

Trair faz parte da natureza das pessoas que não conseguem amar

Elas sabem muito bem como seduzir e gostam de se sentir amadas, mas só amam a si mesmas. Inconsequentes, não percebem que ao trair causam sofrimento. Algumas de suas vítimas ficam tão aturdidas que não se separam, mesmo sabendo que foram enganadas. Precisam de um tempo para desfazer a imagem ilusória que tinham do parceiro ou da parceira desleal.


De repente, veio a certeza: aquela pessoa que ela amava, com quem já estava há tantos anos, em quem confiava, com quem tinha ótimo sexo, que era carinhoso, confidente e tudo o mais a traia! Ela já desconfiava das viagens, telefonemas escondidos, presentes inesperados, novas ideias para o sexo. Mas não queria acreditar. Afinal, seria muita falta de caráter de uma pessoa que tinha a sua confiança e dedicação e de quem ela se orgulhava. Além de se sentir enganada, via desmoronar a imagem que tinha do companheiro.

Trair é natural para algumas pessoas. Elas não percebem que com isso destroem amores verdadeiros e ferem quem não merece. Trair faz parte da natureza de algumas pessoas que não conseguem amar. Como o aventureiro italiano Giacomo Casanova (1725-1798) ou o Don Juan da literatura, elas seduzem vários ou várias, mas não são fiéis a ninguém. Amam somente a si, amam se sentir amadas e desejadas.

A mulher a quem me referi acima sabia com quem estava lidando. No passado ele tinha tido várias mulheres ao mesmo tempo e isso era de seu conhecimento. Tratava todas com delicadeza, carinho, desejo. Tinha o poder de deixá-las apaixonadas. Comportamento que é típico dos traidores.

Confirmada a infidelidade, veio o dilema. Como agir? Armar um barraco, gritar, agredi-lo, chorar, expulsá-lo de casa? Ou fingir que não sabe, guardar para si a humilhação e a dor e apenas dar indiretas, fazer comentários velados? Ter uma conversa civilizada, dizer que o ama mesmo assim e que esquecerá tudo se ele decidir ficar com ela? Ou apenas terminar, sem nem falar por que, já que ele sabe muito bem a razão?

Nenhuma dessas opções parece satisfatória. É como se ela estivesse numa estrada e de repente caíssem barreiras na frente e atrás do carro. Não dá para seguir nem para voltar. Se armar um barraco, vai perdê-lo para sempre; se fingir que não sabe, talvez somatize a negação, o sofrimento e fique doente, com insônia, enxaqueca ou algo pior. O ideal seria uma conversa verdadeira; mas ela sabe que ele vai negar, dizer que ela é louca por não ver que ele a ama, que tem tesão, que além dela é só o trabalho.

O fato é que ela ainda o ama, embora não agüente ser tratada como burra. Sente uma dor imensa, não para de pensar nele com a outra. Sente culpa: será que isso aconteceu porque ela envelheceu ou se descuidou, será que já não é bonita, onde teria errado?

Não é nada disso. Mulheres maravilhosas como Sandra Bullock (46) e Nicole Kidman (43) também foram traídas. Como dissemos antes, trair, para algumas pessoas, é uma compulsão.

Se ela não consegue terminar a relação, talvez a solução menos dolorosa seja continuar nela mais um tempo - para ir, aos poucos, deixando que morra a imagem falsa que tinha desse homem; para se conscientizar de que o homem que ela amava não era ele, mas um reflexo dela mesma. Assim, devagar, ela irá deixando de gostar dele e poderá se abrir para outros interesses, dedicar-se a si mesma, encarar, enfim, a realidade. Resta-lhe o consolo de saber que não é só com ela que isso acontece, e que tudo acaba um dia, como uma flor que murcha, uma nuvem que passa, uma onda no mar. E que o mais importante é manter sua integridade, seu compromisso com a vida e saber que ela, sim, nunca traiu, apenas amou de verdade.

* Leniza Castello Branco, psicóloga e analista junguiana na capital paulista, é membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA). E-mail: leniza.castello@terra.com.br