
Localizada nas montanhas de Matsunoyama, região do distrito de Niigata, Japão, muito conhecida por suas fortes nevascas, Kyororo é palco de atividades educacionais e de pesquisa no campo das ciências naturais. Toda a região é também famosa por sua linda floresta de faias japonesas, que conseguem crescer com muita força apesar de sofrerem com a neve excessiva.
Em meio à paisagem, há uma serpente metálica que, nos meses de janeiro, fevereiro e março, permanece oculta sob uma manta branca de neve. É o edifício do Museu de Ciências Naturais de Matsunoyama, cujos 1,5 mil m2 assumem uma forma curvilínea, uniforme e contínua.
Assim, a construção foi planejada tanto para receber uma base permanente de pesquisas como para conter espaços para exposições e abertos ao público. A maior ênfase dada ao projeto arquitetônico foi incorporar os aspectos climáticos e ambientais da região ao conceito.
A aparência da capa, resistente às intempéries, muda com o passar do tempo. Seis meses após a soldagem das placas, feita in loco, o corpo do prédio já apresentava uma cor marrom intensa e característica da ação do tempo sobre o metal. "Visto pelo outro lado do vale, o edifício parece mais uma ruína Inca, com sua enorme torre dominando o topo das árvores", descreve Takaharu Tezuka.
A estrutura do prédio é metálica e está preparada para suportar contrações e dilatações de até 20 cm em função da variação das temperaturas entre verão e inverno. As grandes placas metálicas que constituem a fachada também têm função estrutural, mas não foram suficientes para atender aos requisitos de cálculo estrutural: no inverno, as montanhas de neve podem ultrapassar sete metros de altura, o que exigiu uma estrutura superdimensionada para suportar cargas de até duas mil toneladas.
Em seção cruzada pendente (inclinada), a estrutura foi inspirada nos sheds de proteção encontrados nas estradas dos arredores. Já o plano horizontal segue o contorno das trilhas que circundam toda a área e abrem caminho aos carros e pedestres.
No inverno, os visitantes são conduzidos por altas paredes de neve e entram por um peculiar túnel que os protege contra a temperatura congelante de Kyororo. A amplitude do eixo interno e principal do edifício reflete o movimento de pessoas, promovendo grandes espaços em ângulos de onde os visitantes param para observar a natureza. À medida que se adentra o museu, esses ângulos tornam-se cada vez mais estreitos.
Outro ponto central na concepção arquitetônica são as quatro janelas panorâmicas, transparências que se estendem do piso ao forro, dispostas em posições angulares e estratégicas do edifício. A maior delas tem 14,5 m x 4 m e pesa quase quatro toneladas. O peso das quatro soma dez toneladas, e delas os visitantes podem admirar, como que em corte subterrâneo, a vida sob a neve.
Ainda para ajustar a trabalhabilidade da fachada metálica às suas junções com as janelas acrílicas, optou-se por deixar uma folga de 100 mm entre o metal e o acrílico, permitindo os movimentos de dilatação e contração.
No verão, as grandes transparências que mostravam cortes do mundo sob a neve passam a exibir o maravilhoso cenário das faias japonesas e grandes áreas de cultivo de arroz. Da torre do museu, com 34 m de altura, os visitantes apreciam a magnífica vista sobre os arvoredos das três montanhas de Echigo.


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